sábado, 9 de maio de 2009

BLOG MELOMANIA: AMANDO A MÚSICA CLÁSSICA, de João Luís T. Prada e Silva. Leiam os artigos escritos por João Luís e saibam o porquê de aconselhá-lo.

Os Amantes da Grande Música ganharam mais um presente:

http://www.melomaniamusicaclassica.blogspot.com/

Aqui estão alguns de seus artigos:

Quarta-feira, 29 de Abril de 2009
Alemanha Estarrece
Se España marca, Alemanha estarrece. É realmente espantosa a capacidade germânica de produzir gênios nas mais variadas áreas da cultura mundial. A Alemanha é líder na Música, na Física e na Filosofia, e quando não é líder isolada, é pelo menos colíder.
O que fizeram Nietzsche, Leibniz, Kant, Hegel e Schopenhauer na Filosofia é comparável ao trabalho de Planck, Einstein e Heisenberg na Física. Para não cometer injustiça, equiparo a Física da Alemanha à da Inglaterra em termos de quantidade e qualidade de gênios — não temos como colocar os alemães abaixo ou acima da turma liderada por Newton, Faraday, Cavendish e Dirac. No que se refere à Matemática, talvez a Alemanha fique apenas atrás da França, berço seguro da maior dinastia de matemáticos do mundo — Laplace, Fourier, D'Alembert, Galois, Lagrange, Fermat, Cauchy etc. —, muito embora a Alemanha conte com o "Príncipe dos Matemáticos" em suas fileiras: o prodigioso Carl Friedrich Gauss, a quem muitos consideram o maior matemático de todos os tempos.Mas o blogue é sobre Música. Falemos, portanto, da supremacia alemã neste âmbito. Ou colocará alguém em dúvida a superioridade, nesta área, de um país que viu nascer nada mais nada menos do que Johann Sebastian Bach, Ludwig van Beethoven, Richard Wagner, Johannes Brahms, Georg Friedrich Händel, Felix Mendelssohn, Robert Schumann e Richard Strauss?Os dois primeiros costumam ser o centro de várias discussões, frutíferas e infrutíferas, que tentam decidir qual deles foi o maior compositor de todos os tempos, isto sem demérito aos que chegam a considerar Wagner como tal. Sou dos que depositam as fichas no gênio de Eisenach, mas respeito os adeptos do de Bonn, assim como os do de Leipzig, mas seja qual for o veredicto sobre o maior de todos, seja qual for a preferência ou a afinidade, é deveras estarrecedora a grandeza, o gigantismo, a colossalidade dos oito nomes que citei. E se quisesse mais citar, listaria diversos outros, ditos menores, desd'a Renascença até ao Moderno, como Schütz, Pachelbel, Telemann (se é que há sentido em rotulá-lo de "menor"), Gluck, Weber e Orff.Listei Händel entre os gigantes alemães porque alemão é o que ele era, embora radicado em Inglaterra e naturalizado inglês. O próprio Giacomo Meyerbeer, cujas óperas foram tão populares a seu tempo, também nasceu em solo alemão — em Berlim.Outros países intensamente musicais — no que se refere estritamente à Grande Música — são a Rússia, a Áustria, a Itália, a França e a Bohêmia, mas se compararmos a lista daqueles oito gigantes alemães com as listas correspondentes dos outros países, perceberemos que o vulto alemão é ainda mais alto e mais denso. A Áustria exerce uma cultura irmanada à alemã, inclusive compartilhando a mesma língua, mas dispõe das suas próprias peculiaridades, de modo que faz sentido separá-las nesta análise.Evidentemente, por mais critérios objetivos aos quais possamos apelar, há toda uma carga de subjetividade em afirmá-lo, mas é por demais tentador afirmar que Bach, Beethoven e Wagner foram os três maiores compositores de todos os tempos, com Brahms possivelmente a correr em 4º lugar. Todos alemães...Nem de longe ouso menosprezar as genialidades de um Monteverdi, de um Tchaikovsky, de um Mahler, de um Mozart, mas tudo leva a acreditar que as terras teutônicas foram de fato o maior celeiro de gênios musicais deste pequeno planeta.
Publicada por João Luís T. Prada e Silva em 8:22 4 comentários
Segunda-feira, 27 de Abril de 2009

España Marca...
O que se pode dizer do poder de sedução de um país que é capaz de levar um russo — Nikolai Rimsky-Korsakov — a compor uma peça inspiradíssima como a fantasia orquestral Capricho Espanhol, Op. 34, sem nunca àquele país ter empreendido uma única viagem? É a mesma sedução que induziu alguns vizinhos franceses a comporem outras homenagens musicais análogas — Emmanuel Chabrier e sua rapsódia Espanha; Georges Bizet e a sua ópera Carmen; Maurice Ravel e o seu celebérrimo Bolero.Sedução é, talvez, do ponto de vista estrangeiro, a mais característica marca psicológica do Reino de Espanha. O ibérico país é, possivelmente, o mais sensual e sedutor de todos os países europeus. E toda essa sensualidade sedutora reflete-se em suas danças típicas, na música nacionalista de seus compositores e na irresistível maneira como consegue inspirar e levar estrangeiros a realizar-lhe belas homenagens. Sim, o título deste post, que é o mote do Instituto de Turismo de España, é essencialmente verdadeiro: España marca. E marca até a quem nunca pôs os pés em terreno espanhol.No início, veio o castelhano Tomás Luis de Victoria (1548?-1611). Contudo, ele estava mais ligado à tradição musical litúrgica renascentista do que ao fandango andaluz ou à jota aragonesa. Era a época de Lassus e Palestrina; Tomás compunha ao estilo deste, e suas missas e demais composições sacras foram o bastante para auferir-lhe o título de maior compositor espanhol por muito tempo.
Mais de 300 anos separam Tomás Luis de Victoria do catalão Isaac Albéniz (1860-1909), o primeiro dos grandes nomes do Nacionalismo Espanhol. Depois houve outro catalão: Enrique Granados (1867-1916). Depois, veio o maior de todos, finalmente o nome a superar Tomás: o andaluz Manuel de Falla (1876-1946). Haveria ainda outros andaluzes, como Joaquin Turina (1882-1949); e nomes como Joaquín Rodrigo, Frederico Mompou e Francisco Tárrega, este um revolucionário da técnica da guitarra (muito pouca gente sabe que a indefectível Valsa que serve como toque padrão nos telemóveis da Nokia pertence à sua obra mais conhecida, chamada Gran Vals). Por sinal, a guitarra (viola ou violão, dependendo da região) tornou-se um dos instrumentos mais emblemáticos da Espanha, assim como as castanholas e os pandeiros. Há toda uma escola nacional de técnica da guitarra, e os maiores virtuoses do mundo despontaram dessa escola, nomes do calibre de Narciso Yepes, Andrés Segovia e Angel Romero.Entre as missas de Tomás e o piano mágico da Suíte Iberia de Albéniz houve aqueles que se radicaram em Espanha, como foi o caso de Domenico Scarlatti (1685-1757), assim como os citados estrangeiros que compuseram em homenagem e ela. Danças como o fandango andaluz, como a jota de Aragão/Navarra, como a sardana catalã, como a muñeira galega, como a redondilla castelhana, como o aurresku basco, como a danza prima asturiana, como o tão emblemático cante flamenco povoariam as composições tanto dos homenageantes quanto as dos mestres vindouros, já mesmo no terreno da Grande Música. São, em geral, danças ligadas intimamente à terra, seus sapateados e golpes de calcanhar interagindo diretamente com ela, os olhares dissimulados das dançarinas e as palmas das mãos em direção à terra. São provavelmente tais elementos que conferem tanta sensualidade às danças espanholas, em especial quando executadas por mulheres, parceiras que são, por assim dizer, da Mãe Terra. E, curiosamente, há elementos de misticismo que convivem bem com os da sedução — a típica circularidade da sardana catalã remete a antigos ritos solares.
Houve as zarzuelas, óperas-cômicas salpicadas de canções populares e improvisos, da qual falei aqui, muito populares na virada do Séc. XIX para o XX.Peças como a Suíte Espanhola, de Albéniz, as Danças Espanholas ou as Goyescas, de Granados, as Danças d'O Tricórnio ou as Noites nos Jardins de Espanha, de Manuel de Falla, as Danças Fantásticas, de Turina, os concertos de Rodrigo, os Impropérios, de Mompou, ou a mencionada Gran Vals ou os Recuerdos de la Alhambra, de Tárrega, são composições de um povo orgulhoso da sua nacionalidade; da sua hispanidade, especificamente. Podem-se emular peças espanholas, como bem o fizeram Rimsky-Korsakov e Chabrier, mas composições como as citadas neste parágrafo teriam que ser escritas por compositores necessariamente espanhóis, os filhos da terra.No entanto, seja filho da terra ou não; seja castelhano, catalão, galego, basco, aragonês, asturiano, estremenho ou andaluz; ou seja russo, francês, inglês ou italiano, o encanto da Espanha seduz a todos, visitantes e não visitantes, e ele pode ser facilmente verificado nas danças, nas melodias, nas harmonias e nos ritmos espanhóis. ¡Olé!
Publicada por João Luís T. Prada e Silva em 11:06 0 comentários
Sexta-feira, 24 de Abril de 2009

A Religiosidade e a Música
Sabemos todos que o berço da Música Ocidental é forrado de tecidos litúrgicos e religiosos. Já que não podemos, por razões de limitação histórica, reconstruir e reproduzir a música dos antigos micênicos, gregos e romanos, tomamos o Cantochão como o início cronológico da Música Europeia. A motivação essencialmente religiosa estava ali e manteve-se durante a evolução desse tipo de canto monódico na direção de formas polifônicas que atingiram extraordinárias complexidades na altura da Renascença. Canto gregoriano, motetos, hinos, missas, tudo composto — pelo menos "oficialmente" — sob o sopro da inspiração celeste.Cabem alguns questionamentos:1- Até que ponto a inspiração religiosa realmente interfere na ou alavanca a criação musical?2- Os músicos pós-renascentistas, ao criarem música sacra, estavam irremediavelmente sob inspiração religiosa ou eventualmente compunham este tipo de música apenas com o intuito de investir em formas consagradas?3- É possível a um ateu extrair o máximo proveito da Música Sacra?São questões interessantes e que creio valerem alguma especulação.Bem, parece-me suficientemente claro que o sentimento religioso é capaz de induzir um autor à composição de obras do mais alto quilate, e não apenas na campo da Música, mas no das demais artes também, como ocorre, verbi gratia, na Literatura, nas Artes Plásticas e na Arquitetura.
No caso musical, o exemplo mais forte é o de Johann Sebastian Bach (1685-1750), o Mestre dos Mestres, que declarava explicitamente estar "a serviço de Deus", que tudo o que compunha, sacro ou não, era para glorificar o "criador" de tudo o que existe. Ora, obras como a Paixão Segundo São Mateus, como a Missa em Si Menor, ou como o Oratório de Natal, ou como cada uma das suas cantatas sacras, deixam evidente a inspiração despertada pela religiosidade do gênio turíngio. Por outro lado, para quem tem dúvida de que a musicalidade de J. S. Bach não se deve exclusivamente à sua bem conhecida e profunda religiosidade, basta ouvir os concertos e suítes do período Köthen. Lá está a música dita "pura". Lá estão os 6 Concertos de Brandenburgo, por exemplo. Porém, que a religiosidade bachiana foi responsável pela austera e impressionante beleza da Paixão BWV 244, como negá-lo?Em relação à segunda pergunta, é o mesmo que perguntar: como saber exatamente qual o grau de religiosidade de um Beethoven, por exemplo — uma personalidade que creio hermética neste sentido —? A Missa Solemnis, Op. 123, é efetivamente música religiosa ou seria apenas música pura com motivo religioso? E os grandes oratórios de Mendelssohn? E o Um Réquiem Alemão de Brahms? E o Stabat Mater de Rossini? Naturalmente, a maioria desses compositores confessaram algum credo "oficial" — em geral, o do padrão ocidental: o Cristianismo —, mas, alguns deles devem ter fatalmente sido criaturas questionadoras a ponto de colocar em xeque a fé cristã e todos os artigos que tentam justificá-la por todos os meios. Insondável, de fato é conhecer até que ponto um grande compositor depositava créditos em Deus. A pouca tendência de um Sibelius na direção da Música Sacra pode dar pistas confiáveis.
Quanto a um ateu extrair máximo proveito da música sacra? Arrisco dizer: totalmente! A beleza sublime de um sem-número de composições sacras está anos-luz acima do que motivou o compositor a escrevê-las. A beleza de uma Missa em Si Menor, BWV 232, é algo universal, e transcende qualquer motivação cristã. Digo o mesmo da de um Réquiem de Fauré. Vou mais além: tolice seria o ateu exercer qualquer tipo de preconceito contra a música dita sacra: mesmo para uma pessoa sem altos graus de misticismo, a música pode ser sempre encarada como puramente música.E, para finalizar este monte de especulações, que questiona muito e não conclui nada, em verdade, em verdade vos digo: se me perguntassem, eu diria que a função mais nobre da religiosidade é — e tem de há muito sido — exatamente esta: a de inspirar artisticamente.
Publicada por João Luís T. Prada e Silva em 14:34 0 comentários
Quarta-feira, 22 de Abril de 2009

Quem foi? Johann Strauss Jr.
Um dos compositores mais lembrados pelo público não aprofundado nos esquemas da Grande Música, o vienense Johann Strauss Jr., nascido em 1825, é conhecido pelo apelido de "Rei da Valsa". O epíteto é, naturalmente, autoexplicativo, e é difícil, mesmo entre os leigos, quem desconheça o fato desse austríaco ter granjeado fama e renome mundiais graças às suas exuberantes valsas de salão. Por mérito e virtude de pena de Strauss Jr. — ou Strauss II, como se preferir —, a valsa vienense, que alegrou e embalou os luxuosos bailes no Palácio de Schönbrunn, em Viena, atingiu alcance mundial e tornou-se uma das danças mais populares e queridas de tantas quantas existam até hoje.Esta dança ternária vienense teve a sua origem em outras antigas danças austríacas ternárias, como o Ländler. Na época do apogeu do Império Austro-Húngaro — segunda metade do Séc. XIX — foi a dança e a música oficiais das aristocráticas personas de uma Viena pomposa e repleta de maneirismos e chiquezas.O próprio pai de Johann II foi um famoso e bem sucedido compositor e regente de valsas, na verdade um dos primeiros: Johann Strauss Sr., como o filho, obteve fama e prestígio, mas, por razões pessoais, não queria para este o mesmo destino na música e o mesmo estilo de vida: preferia que seguisse a carreira das Leis, por exemplo. Porém, a própria vocação familiar, que se desdobraria na direção de vários outros membros da família — Josef Strauss, Eduard Strauss, Oskar Strauss etc. —, falou mais alto e Johann II insistiu na carreira musical. Recrutou a sua própria orquestra, pegou a tinta e a pena e tornou-se o maior compositor de valsas de todos os tempos.As valsas orquestrais de Johann Strauss II — compôs mais de 200 — estão entre as peças ditas clássicas mais populares que existem. Trata-de de música extremamente cativante pela alegria espontânea — e ao mesmo tempo refinada — que exala, pelo otimismo, pelo tom absolutamente despreocupado e pela natural beleza melódica que os valsistas especialistas imprimiram à música; tudo sob a égide de um bem marcado compasso 3/4 que induz os circunstantes, indefectivelmente, a soltarem-se aos passos típicos da dança, ou ao menos a experimentarem tal impulso. A valsa vienense conquistou e manteve até hoje os seus ares de prosperidade, de aristocracia, de superioridade, de elitismo, e diversas cerimônias comemorativas ainda convocam esta dança maravilhosa e a música dos grandes valsistas.Se Johann Strauss II foi o "Rei da Valsa", a Danúbio Azul tornou-se uma espécie de rainha das valsas — virou trilha sonora até de filmes de ficção-científica —, a valsa definitiva e prototipada, mas a lista de seus trabalhos bem conhecidos não se limita a ela. Contos dos Bosques de Viena, Valsa do Imperador, Sangue Vienense, Rosas do Sul, Folhas da Manhã, Vida de Artista, Vozes da Primavera, são peças cujos ouvidos da maioria das gentes reconhecem sem maiores dificuldades.Contudo, Johann II não se limitou às valsas: compôs também uma série de polcas de salão — cerca de 140 —: a dança nacional da vizinha Bohêmia possui um caráter que combina bem com o da valsa austríaca. As mais célebres são a Tritsch-Tratsch-Polka e a Annen-Polka. Também escreveu um certo número de marchas e galopes.
A partir dos anos 1870 dedicou-se também às operetas: criou pouco menos de 20: pequenas óperas carregadas de humor e sátiras sociais. As mais populares são Die Fledermaus (O Morcego) e Der Zigeunerbaron (O Barão Cigano), frequentemente encenadas até hoje.Johann Strauss II, dono de grande carisma e de cativante personalidade, teve por muito tempo tratamento de pop-star. Realizou turnês internacionais — até mesmo aos Estados Unidos —, em que era tratado com a maior reverência. Sua figura esguia, elegante, aristocrática, sua cabeleira densa e escura proporcionaram-lhe muitas aventuras amorosas na corte do Império, mesmo tendo sido oficialmente casado três vezes. Sua presença nos luxuosos bailes, acompanhado de sua orquestra, era motivo de frissons. A sua saúde começou a debilitar-se graças ao excesso de aventuras sexuais e ao não menos excessivo trabalho. Mesmo assim logrou atingir os 73 anos, quando veio a falecer na mesma Viena natal.Apenas um aparte: há alguns desavisados que costumam confundi-lo com o Richard Strauss (1864-1949) de Munique, mas nem da mesma nacionalidade e nem da mesma família foram, sem falar que o Strauss vienense nasceu quase 40 anos antes. O caso é que o nome Strauss não é dos mais incomuns nos países germanófilos.
Publicada por João Luís T. Prada e Silva em 16:45 0 comentários
Mensagens antigas
Subscrever: Mensagens (Atom)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ajude-me a melhorar.