sábado, 17 de outubro de 2009

OBSERVADORES DE MÚSICA



OBSERVADORES DE MÚSICA
Existem os observadores de pássaros, entre outros.
Eu me considero uma observadora de música.
Com esse pensamento, queria dividir com vocês algumas dessas observações.
Como meu blog não tem pretensões acadêmicas ou algo semelhante, não tenho pudor em simplesmente exprimir meus pensamentos da maneira como chegam, sem muita elaboração.
Esclarecido esse ponto, vou ao que interessa:

"A música que agrada à primeira ouvida."

Desconfio da música que me apaixona quando a ouço pela primeira vez.
Geralmente depois de ouvi-la algumas outras, tenho um ataque se a ouvir de novo. (De raiva).
A razão: fui treinada durante toda a minha existência, por razões óbvias, a ouvir e a gostar de música muito elaborada, e quando me encanto com uma coisa tão básica, me sinto traída pela minha ingenuidade auditiva.

Nós, seres vivos, adoramos ouvir os sons da natureza e seus derivados. Tudo o que se assemelha aos sons dos pássaros, chuva, vento e muitos outros, nos são familiares. Podem até provocar tensão, mas é uma ameaça conhecida e achamos que passará. (Ou não, no caso do rugido da fera para a sua vítima... )
Mas, se para os animais irracionais, os sons conhecidos são primordiais para sua existência física, para os racionais são elementos importantes também para a sua segurança emocional.
Quando ouvimos músicas com harmonias perfeitas, ficamos tranquilos, nos sentindo em terreno seguro.
A música dissonante, entretanto, nos ameaça, porque nos abre as portas do desconhecido. "Terreno movediço!", grita a nossa mente e desligamos, se pudermos, a sua fonte. Ou fugimos dela.

NÃO TER MEDO do desconhecido é fundamental para o crescimento intelectual e emocional. Treinarmos nossos ouvidos para novas experiências pode trazer-nos prazeres nunca imaginados.
Ouvir música, para a grande maioria das pessoas, é uma riquíssima fonte de emoções.
Mesmo tendo sido uma estudiosa musical durante a maior parte da minha vida, tenho de ouvir uma obra contemporânea várias vezes antes de assimilá-la.

Se a linguagem dissonante é perturbadora, imaginar que cada um de nós tem a sua própria... é demais para qualquer ouvido. (Ainda bem que não é todo mundo que tem a coragem ou a habilidade necessária para divulgá-la!)
Mas, se um compositor atual, escreve peças que todos compreendem à primeira ouvida, está usando uma linguagem musical já construída anteriormente, na sua melodia, ou harmonia, ou forma, ou todas elas juntas.
Podemos gostar ou não, aqui não cabe nenhum julgamento, é só uma questão de gosto, sensibilidade, mas, sabermos que tipo de música estamos ouvindo e porque gostamos ou não, é próprio da natureza dos observadores de música. (Não estou falando de análise da obra, que é uma questão muito mais complexa, mas da música como fonte de prazer.)

Ouvir uma linguagem musical desconhecida é como ouvir uma língua que nunca existiu. Não entendemos nada.
Mas se tentarmos compreender primeiro, o tipo de impacto sentido, e ouvirmos novamente, começaremos a perceber as sensações que aquela nova música nos oferece. Se ouvirmos mais vezes, ampliaremos nosso sentido auditivo e também estético, e o nosso preconceito diminuirá.
Assim, a capacidade de nos encantarmos musicalmente estará aumentando e com ela a nossa FONTE DE PRAZER.
(E para que haja coerência, devemos admitir: de sofrimento também).


APRESENTO O COMPOSITOR CONTEMPORÂNEO RUSSO RODION SCHEDRIN, COMO UM BOM EXERCÍCIO PARA OS OBSERVADORES DE MÚSICA.

A MESMA PEÇA: À MODA DE ALBENIZ, É APRESENTADA COM PIANO SOLO, DUO DE VIOLINO E PIANO E DUO DE CELLO E PIANO, ASSIM PODEMOS TREINAR AINDA MAIS NOSSO SENSO DE OBSERVAÇÃO.

AS ÚLTIMAS PEÇAS AQUI POSTADAS, SONATA PARA PIANO E ALGUNS MOVIMENTOS DE SEUS CONCERTOS PARA ESSE MESMO INSTRUMENTO, JÁ NOS MOSTRAM UM COMPOSITOR MUITO MAIS AUDACIOSO NO CAMINHO QUE ESCOLHEU.



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